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Borda laranja

ENTREVISTA DO RM PARA ROLLING STONES.

Uma profunda conversa com RM do BTS sobre os anos iniciais do seu grupo, Drake, se BTS é K-pop e mais

“Eu era alguém que queria ir para uma universidade de elite, uma Ivy League por padrões estadunidenses”, diz RM, líder do BTS. “Eu era o típico estudante que tentava demais ser o melhor. E então eu confiei no [fundador da HYBE] Sr. Bang, e comecei a trilhar um caminho diferente. E eu senti um sentimento de urgência e desespero de perseguir os meus sonhos”. Os dons de RM como rapper, compositor e produtor foram essenciais para o desenvolvimento do BTS, assim como seu amplo interesse intelectual. Em uma entrevista a partir do quartel-general de sua gravadora, o artista anteriormente conhecido como Rap Monster discutiu sobre se o BTS deveria ser considerado K-pop, a identidade distinta do hip-hop sul coreano, os destaques da era The Most Beautiful Moment in Life, e mais.


Recentemente, você quotou o artista abstrato Kim Whan-ki: “Eu sou sou coreano, e eu não posso fazer nada que não seja coreano, não posso fazer nada além disso, pois sou forasteiro”. Você disse que era um ponto chave que vinha pensando sobre atualmente. Como essa ideia aplica-se ao seu trabalho?

Muito do pop e hip-hop que eu ouvia vinha dos EUA. Mas pra mim, como coreano, acredito que temos nossas próprias características e um tipo de identidade local. Não consigo explicar direito, mas há algumas características que nós coreanos temos, ou talvez pessoas orientais. Então tentamos meio que combinar duas coisas em uma, e eu sinto que criamos um novo gênero. Alguns podem chamar isso de K pop; outros podem chamá-lo de BTS, ou alguns de música oriental e ocidental combinadas, mas eu penso que é isso que estamos fazendo. Se você pensar na Rota da Seda no passado, há a ideia de pessoas orientais e pessoas ocidentais encontrando-se em um certo tipo de grande estrada e talvez fazendo vendas e compras de coisas. Acredito que a história se repete, e um novo tipo de novo, interessante fenômeno está acontecendo. Nos sentimos honrados de existir no olho desde grande furacão.


Há muitos grandes nomes no K-hiphop, incluindo seus antigos heróis Epik High, que continuam ativos. O que você escutava no começo da carreira e o que escuta agora?

Há sempre um processo quando algo novo é inserido em outra cultura, onde a identidade se transforma, muda e adapta-se a esse novo local. Obviamente, há diferenças entre a Coreia e os Estados Unidos que afetam a música. Por exemplo, a Coreia não é um país etnicamente diverso como os Estados Unidos. Então há distintas sensibilidades subjacentes à música. Rappers coreanos é claro possuem seu único e diferente liricismo, suas próprias situações e dificuldades que inserem no processo criativo. Como coreano, obviamente, essas são as coisas que ressoam pra mim.

Obviamente, há um ditado que diz “não há nada de novo sob o Sol”. Então, especificamente para pessoas como nós, à margem do mundo, figurativamente falando, nós pensamos que podemos transformar isso e como podemos fazer disso nosso. Então são essas as coisas que penso quando tento balancear a inspiração entre rappers estadunidenses e coreanos. E eu acho, agora pelo menos, que há uma convergência entre todos os gêneros de música.


Quando o BTS debutou, havia um conflito na mente de algumas pessoas e na sua sobre a ideia de ser um rapper ou ser um idol, o que podemos chamar de uma estrela do pop. Isso é algo que você obviamente já abordou em canções. Talvez você possa nos explicar um pouco sobre esse conflito e o motivo que parecia tão importante na época?

Quando eu era jovem, queria ser um escritor de prosa e poesia, e então eu encontrei o rap. E um monte do que eu queria fazer se transformou em música. E, sim, havia essa ideia de ser um artista puro ou um rapper puro. Então no começo, é verdade que estávamos debutando como um ato de pop, houve momentos em que precisei reorganizar minha identidade para então refletir qual era ela. E no começo não víamos resultados positivos. Não tínhamos muito fãs. Não tínhamos grandes números. Houveram vezes em que fomos zoados.

Então é verdade que levamos certo tempo para desenvolver uma identidade e ficar com ela. Mas, você sabe, seja rap ou pop, ou o que quer que seja, é um outro método para eu demonstrar minha mente e expressar minha voz, e fazer com que isso ressoe com as pessoas. Então, muito desse conflito se resolveu sozinho. E eu acredito que as coisas hoje em dia são bem diferentes do que eram, por exemplo, em 2013, porque apesar de ainda haver muita discussão sobre o que é puro, o que é autêntico, o que é sincero, o que é um artista, o que é um músico pop, essas barreiras se tornaram cada vez menos importantes. Enquanto eu puder mostrar o que escrevi, é uma continuação válida do meu sonho e algo que sempre quis fazer.


Parece que o BTS realmente se encontrou na época de The Most Beautiful Moment in Life. É quando tudo se encaixou. Como você analisa essa época?

Apesar do nome, Most Beautiful Moment in Life, foi um período muito tumultuado para nós e para mim. Havia nossa imagem de “durões” que tínhamos em 2 Cool 4 Skool, naqueles palcos iniciais, um tipo de expressão exagerada de dureza e angústia. Então, nós meio que desaceleramos um pouco e tentamos expressar as emoções de pessoas jovens que não possuem nada além de sonhos. Foi uma forma de expressão mais honesta, e testemunhamos como isso ressoou com um monte de gente.

Houve certa confusão, pois era algo novo, e nós estávamos mostrando um lado mais vulnerável, mais delicado, o que foi bem diferente. Mas percebemos que isso foi importante, e seguimos para a série Love Yourself, nós tentamos descobrir mais e mais enquanto seguíamos.

Eu sei que muitos fãs não veem o BTS como parte do K-pop. E você, vocês, já disseram “BTS é o gênero”. Como você vê essa questão?

Esse é um debate muito importante. Porque o que o que chamam de K-pop, está expandindo rapidamente. Por exemplo, alguns grupos que chamam de K-pop, na verdade são compostos apenas por estrangeiros da Europa, Índia, China, tipo, de todo lugar. Não há membros coreanos, mas eles fazem o que denominam de K-pop, eles estão mudando as peças, e tal. O BTS também está expandindo rapidamente. E o K-pop agora é tão amplo. Alguns podem dizer que K-pop é para coreanos que cantam em coreano. Isso poderia ser K pop. Mas e “Dynamite”? Nós cantamos a música em inglês. Mas somos todos coreanos, então alguns podem dizer que isso é K-pop. Outros vão dizer que é apenas uma música pop por ser em inglês. Mas nós não nos importamos de fato sobre se as pessoas nos vêem dentro ou fora do K-pop. O fato importante é que somos todos coreanos, e que estamos cantando uma música pop. Então essa é a razão pela qual dizemos que nosso gênero é apenas BTS. O debate é muito importante para a indústria musical, mas não significa muito para os membros.

Que música realmente mudou sua ideia do que é artisticamente possível?

Eu comecei com Nas, Eminem, a era de ouro do hip-hop. E o ponto de mudança foi Drake, em 2009, quando ele lançou Thank You Later. Aquele álbum foi um pouco chocante para mim, porque foi algo bem esquisito um rapper cantando. Então depois disso, muitos rappers começaram a cantar, decidiram colocar as melodia de suas músicas atravessando gêneros, entre os raps e a melodia, então foi esse o momento.


Quando você fez fez o rap que sua “sombra… é chamada hesitação”, o que você quis dizer com isso?

Isso pode ser chamado de hesitação ou precaução, mas, eu acho, que há uma forma de hesitação que previne você se se arriscar, de se desafiar.


Eu sei que você motivou os membros dizendo que seus netos poderiam assistir sua performance do GRAMMY um dia. Isso é algo que você pensa com frequência?

Isso me dá alguns calafrios às vezes, de que todo momento nosso deixa marcas online onde todos podem ver. Então, sim, eu acho que isso nos ajuda a continuar motivados.


Alguns atores de cinema têm um ditado, “A dor é temporária. O filme é pra sempre”.

[Concorda com um aceno de cabeça] A vida é curta. A arte é pra sempre.


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