ENTREVISTA DO J-HOPE PARA ROLLING STONES.
J-Hope sobre crescer no BTS, sua próxima mixtape e mais “Nós queríamos fazer música que dê forças às pessoas”, diz J-Hope, em nossa primeira história para as capas individuais estrelando cada membro do BTS
Um dos fãs de alto calibre do BTS, o apresentador do Late Late Show, James Corden, diz que o grupo é “até o seu núcleo, uma força do bem”. Com seu sorriso de covinhas, jeito caloroso e presença de palco irreverente, o rapper, dançarino, compositor e produtor de 27 anos J-Hope incorpora a combinação do grupo de bondade fundamental e talento impressionante; até sua escolha para nome artístico irradia positividade. Na primeira das entrevistas individuais da Rolling Stone com cada um dos sete membros do BTS, J-Hope relembra o passado do grupo, reflete sobre seu futuro musical, e mais. Ele falou de seu estúdio no quartel-general da gravadora do grupo, HYBE Big Hit, em Seul, usando um casaco verde oliva sobre uma camiseta branca. Sua energia estava contida comparada com as implacavelmente alegres entrevistas de TV, mas seu sorriso super iluminado nunca estava longe.
Você acordou e veio direto para cá ou teve a chance de fazer mais alguma coisa hoje de manhã? Eu fui ao banheiro! [ri]
Então, o que você aprendeu sobre si durante este ano de pandemia?
Foi uma oportunidade de aprender o quão preciosa é a nossa vida diária. E eu tive que pensar sobre como minha vida seguiria e como eu deveria apenas manter a calma e o foco mesmo durante este período. Foi um tempo que pude refletir bastante sobre mim.
E que lição você tirou dessa autorreflexão?
O que aprendi é que eu preciso fazer o que faço de melhor. O tempo corre, a vida segue seu curso e nós precisamos continuar fazendo música e performances. Eu apenas pensei que preciso fazer música que possa trazer consolo e um senso de esperança às outras pessoas. E sabe, nós somos apenas pessoas, como todo mundo. Nós sentimos o mesmo que todo mundo. Então nós apenas pensamos em fazer músicas e performances que possam ressoar nas outras pessoas e dar mais força à elas.
O que você está dizendo me lembra bastante a mensagem de “Life Goes On”, que é uma música linda.
Essa música surgiu do pensamento sobre o que podemos fazer durante este período, durante a pandemia de COVID. É sobre as histórias que podemos contar neste ponto do tempo. E isso realmente nos motivou a falar entre os membros sobre nossos sentimentos. Então eu acredito que é uma música bem importante.
Em algumas de suas letras, você revela que às vezes há tristeza por trás do sorriso que todos amam. Como você balanceia a positividade que apresenta para o mundo com as emoções mais complexas que você experiência em sua vida pessoal?
As coisas são muito diferentes do que costumavam ser. Eu apenas tento mostrar quem eu realmente sou. E eu acho que é o mais confortável para mim. Todo mundo tem, você sabe, lados diferentes do que eles demonstram. É claro, eu tenho o peso e a pressão de ser um artista. Eu apenas encaro meus sentimentos como eles são. E tento expressar que eu vou superar essas dificuldades. E se eu expressar esses sentimentos, sinto que isso me traz também um sentimento de consolação. Nos comunicamos com nossos fãs desde que nos tornamos artistas, mas agora eu sinto que se tornou mais natural e confortável. Antes nós tentávamos demonstrar apenas nosso lado bom, nosso lado mais brilhante. Como meu nome é J-Hope, eu tentava demonstrar apenas o lado mais positivo, meu e do grupo. Mas conforme o tempo passa, uma pessoa não consegue sentir a mesma coisa para sempre, então eu senti outras emoções. Então eu tentei expressar essas emoções em músicas ou diálogos, expressá-las da maneira mais bonita possível.
Uma dessas músicas é “Outro: Ego”. No que você estava pensando quando escreveu essa música?
É uma música sobre autorreflexão, reflexão sobre quem eu sou, meu ego, como o nome diz. É sobre a vida de Jung Ho-seok [o nome real de J-Hope] como um indivíduo, e a vida de J-Hope. E a conclusão que eu tiro dessa reflexão interior é que eu acredito em mim, acredito em quem eu sou, e essa é a minha identidade. E esses são os desafios que enfrentei e eu continuarei a enfrentar esses desafios e fazer novas coisas confiando em quem eu sou.
Em 2018, você lançou sua mixtape Hope World, o que foi uma grande conquista como artista. Quais são suas memórias favoritas sobre trabalhar nela?
Você sabe, olhando para o passado, eu acho que foi muito puro, inocente e lindo que eu pude fazer essas músicas naquele tempo. Quando eu trabalho nas músicas agora, eu tenho a oportunidade de voltar para aquelas emoções e pensar “Oh, aquilo que era vida”. Eu acredito que é uma boa influência para minhas músicas que trabalho agora. Ao longo da mixtape eu aprendi bastante, e eu acho que isso definiu o caminho que quero seguir como artista e músico. E eu sou muito grato que tantas pessoas amem minha mixtape. Eu planejo continuar trabalhando com música e tentar mostrar às pessoas uma [maneira de fazer] música única do J-Hope.
O que você pensa sobre lançar uma segunda mixtape?
Neste momento o objetivo é me inspirar e fazer boa música. Nada está decidido, então eu apenas continuarei trabalhando em músicas. E eu acho que meu estilo musical não mudará de maneira drástica, mas acredito que amadurecerá. Eu tentarei incluir histórias que eu realmente quero contar em uma segunda mixtape.
Você lançou recentemente a versão completa da música “Blue Side” de Hope World. Você à possuía esse tempo todo ou você a finalizou recentemente?
Não era uma versão completa naquela época, então eu sempre pensei em voltar naquela música e completá-la. Eu sempre mantive esse pensamento. Acredito que foi a duas semanas ou um mês atrás que eu finalmente voltei a pensar “Oh, eu quero finalizar aquela música”. Como mencionei mais cedo, eu precisei refletir sobre as emoções sentia na época que trabalhei naquela mixtape.
Quando você começou como um trainee, você nunca tive feito rap na vida. Você obviamente evoluiu muito e desenvolveu habilidades impressionantes como foi o processo de aprendizado?
Eu ainda acho que tenho algumas falhas. E eu ainda acredito que tenho um longo caminho a percorrer, que posso aprender mais coisas. Preciso achar meu próprio estilo único. Mas penso que só pude chegar tão longe graças aos membros. Quando comecei a treinar, todos os membros daquela equipe eram rappers, então, quando entrava em casa, as batidas estavam dropando, e todos estavam fazendo rap freestyle. Não foi uma adaptação fácil no início, mas eu tentei muito me adaptar àquele novo meio ambiente. E eu acho que aqueles eram bons tempos e boas memórias, também foi muito legal.
Você era bem jovem quando se tornou trainee. Como foi crescer no BTS?
Acho que durante meu treinamento, a vida foi longe de ser comum. Porque outros caras, meus amigos, estavam fazendo trabalhos escolares na escola, indo à viagens de campo e criando memórias estudantis. E claro, eu escolhi esta carreira, meu próprio caminho, desistindo dessas coisas. Talvez eu me sentisse desafortunado por não ter experimentado essas coisas, mas eu estava perseguindo meus sonhos. E conhecer os membros durante nossa época de trainee foi bem lega, porque era muito interessante que pessoas tão diferentes poderiam se unir e formar um grupo. Eu realmente quero agradecer a esses caras, às vezes eu gostaria de revisitar aqueles dias.
O que você pensa quando olha para os vídeos do início da carreira do BTS, onde vocês tinham uma imagem de “durões”?
Na época que lançamos “No More Dream”, nossa música incorporava a batalha contra o preconceito e opressão. Então, naturalmente, tais valores carregavam um estilo e aspecto visual condizentes. Pode-se dizer que era nossa identidade e a imagem que queríamos passar naquele momento. Mas não podemos viver para sempre em um estado estático. Conforme o tempo flui, as coisas mudam e as tendências mudam, assim como nossas tendências musicais. Nós levamos em consideração as influências ao nosso redor, incluindo, é claro, nossa audiência. Essas influências nos guiaram adiante em nossa própria mudança em estilo musical e conceitos.
Todos vocês já disseram várias vezes que quando vocês começaram a morar juntos, havia conflitos pois vocês tinham passados diferentes e valores diferentes. Quais eram algumas das diferenças fundamentais que faziam as coisas mais difíceis no começo?
Nós éramos apenas muito diferentes desde o começo, então foi estranho. Levou tempo para nos acostumarmos. Nós morávamos juntos, mas tínhamos que nos assegurar que todos tivessem seu próprio espaço pessoal. E eventualmente nós aprendemos a compreender uns aos outros, e agora fazemos isso juntos há tanto tempo que entramos em um tipo de harmonia própria, um entendimento de cada um que nos permite ter o tipo de trabalho em equipe que possuímos. E cada um de nós possui papéis diferentes e jeitos diferentes de fazer música, então nós também tentamos nos ajudar naquilo que estamos fazendo e ajudar uns aos outros a nos tornarmos melhores.
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